Ando postando bastante no Instagram e isso tem me incomodado. Minha relação com Instagram sempre foi complexa e por vezes já apaguei meu feed inteiro para fingir que ele não existia. Eu posto pouco, mas de alguma forma ele está sempre na minha cabeça. O não postar é também ligar para ele, então, de tempos em tempos, eu simplesmente resolvo tentar lidar com isso de uma forma casual e posto muito e de uma vez só. É o caso de viagens. Elas parecem ser os momentos ideais para postar, afinal, antigamente nossos pais também faziam álbuns de viagens para mostrar para outras pessoas. Mas no Instagram isso faz com que eu me sinta apenas como alguém tentando fazer parecer que minha vida é melhor e mais divertida do que ela realmente é, o que me torna exatamente parte daquilo que me faz querer sair dele. Enfim…
Hoje decidimos fazer algo diferente que não fosse sair para comer: visitar o Malba. Eu não consegui vez o Abaporu no Masp, então estava empolgada para vê-lo aqui, mesmo que atrás de uma multidão de pessoas.
Começamos o dia no Cafe Mishiguene, um dos restaurantes que estávamos mais ansiosos para conhecer. Eu adoro comida judaica, então sabia que ia curtir. E também tinha a expectativa porque o Mishiguene foi eleito o décimo quinto melhor restaurante da América Latina, então a versão café dele devia ser no mínimo interessante.
O ambiente era bem bonitinho e novo, por isso escolhemos sentar na área interna (o único problema foi que o ar estava desligado, então ficou meio abafado). O cardápio muda a partir do meio dia e entram opções além das de café da manhã. Fiquei com muita vontade de provar o latkes e o varenique, mas até eu que sou apaixonada por batata preciso de uma variação de vez em quando. Optei pelo sanduíche de berinjela, ovo, tomate e pepino no pão de forma, que amei, e um babaganoush para compartilhar.
Vimos que o museu era a apenas 10 minutos caminhando dali, o que foi ótimo porque economizamos no transporte (e era o máximo que a minha Melissa me deixaria percorrer também). Pagamos 1100 pesos cada um para entrar e logo na entrada me deparei com ele, o Abaporu. Não havia praticamente ninguém olhando pra ele quando chegamos, apenas duas adolescentes extremamente empolgadas para tirar fotos uma da outra fingindo que o estavam contemplando. Depois que elas foram embora em busca do próximo alvo, ele ficou sozinho ali. Estava imaginando que estaria lotado como a Monalisa no Louvre, mas me enganei bonito. É muito impactante ver pessoalmente trabalhos tão icônicos, é quase como se o quadro não existisse de verdade de tanto que está presente no nosso imaginário. O Abaporu é a primeira obra que me lembro de ter sido apresentada a mim na escola, acho que na quarta série, então ele sempre foi sinônimo máximo de “obra de arte” na minha cabeça.
Estava rolando também a exposição “Diego e yo”, da Frida Kahlo, em um espaço pequeno e escuro. Não sabia que estava em cartaz e fui surpreendida por poder olhar de perto mais uma obra de uma artista gigante. Gostei muito de ver um guardanapo de pano que ela deu de presente a amigos que se casaram com a marca de um beijo de batom vermelho nele.
Por fim, entramos na “Schhhhiii…”, exposição da Anna Maria Miolino organizada pelo Instituto Tomie Ohtake. O último andar do Malba é lindo, pé direito alto, amplo e calmo. Não conhecia quase nada da artista e fiquei encantada com esse quadro que é uma espécie de timeline da vida. Me lembrou algo que eu queria fazer neste blog, inspirado nisso aqui que vi em um “digital garden” gringo.
Mais uma vez pulamos o restaurante que queríamos jantar e voltamos ao Naranjo. Chegamos umas 19h. A parte de fora estava cheia, precisamos sentar dentro, numa mesa no fundo, que foi ótimo também. Queria comer outra vez a salada de milho, mas optei pelo alho-poró assado e a salada de tomates coloridos. Um dos nossos lugares preferidos da viagem, sem dúvidas.