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Buenos Aires - Dia 3

Talvez pela limitação de opções ou por estar em um lugar desconhecido, viagens sempre pareceram boas oportunidades para testar combinações de roupas que eu não costumo fazer no dia a dia. Comprei um shorts listrado em dezembro e estava pensando em usá-lo com uma regata branca ou um suéter cinza, mas, quando olhei para a minha mala hoje, a camisa listrada pareceu a única escolha possível. Não usava essa camisa há mais de um ano e trouxe ela para cá na esperança dela me ajudar a usar visuais mais alegres em 2023. Nunca achei que ela combinava muito comigo, mas fiquei feliz com o resultado. Fazia tempo que eu não sentia um look sendo capaz de influenciar meu humor durante o dia. Me senti com 15 anos, quando minha mãe me dizia sua roupa tá estranha mas tenho que admitir que ficou legal”, e eu considerava aquele o maior dos elogios.

shorts listrado azul com camisa listrada azul mais claro

Almoço no Corte Comedor

Esse foi o primeiro restaurante que conseguimos reservar e ele era mais longinho de onde estamos em Palermo. Chegamos lá com cinco minutos de antecedência da abertura e não tinha ninguém. Nenhuma fila. O único com reserva e no fim foi desnecessário.

Logo que olhei pela janela comentei que ele parecia um restaurante mais familiar por causa da disposição das mesas. Não sei da onde tirei isso, mas foi confirmado. Ao nosso redor sentaram vários casais com bebês e alguns idosos com seus familiares.

Como não como carne vermelha, sabia que esse seria um lugar mais complicado de encontrar opções, mas fiquei muito satisfeita (até demais, na verdade, saí de lá me sentindo completamente cheia) com os cogumelos de entrada, o pão, a batata frita e os tomates (pelo visto a estação deles é levada bem a sério porque em todos os lugares existe alguma variação de salada de tomate sendo exaltada).

De longe a mais gostosa limonada que já tomei.
Batata frita provençal com alho e salsinha. Os argentinos são conhecidos pelas carnes, mas acho que deveriam ser pelas batatas fritas. Ainda preferi a de ontem, mas essa fica bem pouquinho mesmo atrás.

Saímos do restaurante e precisei dar uma volta no quarteirão porque realmente estava me sentindo muito cheia, acho que foram as três fatias gigantes de pão que comi. O bairro era bem gostoso e calmo, me deu vontade de morar ali. Mas isso não é novidade porque em cada vizinhança que passo sinto a mesma coisa.

Comentei com o Lucas que tive uma súbita vontade de pegar um daqueles ônibus turísticos e passar um dia vendo a cidade de cima. Minha vontade não é conhecer os pontos turísticos de Buenos Aires, mas aproveitar que esse tipo de veículo existe e usá-lo para ter uma introdução mais formal à cidade. Estou amando estar em Palermo e não sinto a menor necessidade de ir para outros bairros nesta viagem, já têm coisas demais que queremos fazer aqui (entre elas ficar descansando no apartamento), mas sei lá, as caminhadas estão me deixando muito intrigada. Nunca estive em um lugar que achei tão parecido com São Paulo, mas ao mesmo tempo muito diferente. Estou com vontade de recolher mais pistas. Descobrir se eu ainda teria vontade de morar aqui olhando outras partes dele. Queria ver se a luz bate do mesmo jeito nos mesmos horários, enxergar que cor os edifícios têm no geral, sentir o cheiro da cidade, ver se a arquitetura é mais antiga ou mais moderna, se as pessoas andam mais rápido ou devagar. Se colocam mais ou menos bandeirinhas na janela. Se as calçadas são no mesmo nível da rua ou possuem aquele degrau mais alto. Se todo lugar é tão vazio, simpático e organizado.

praça

Pegamos um uber e fomos até a Recoleta. Andar por lá diminuiu um pouco a minha vontade de pegar o ônibus turístico porque vi que todas as pessoas que eu achava que não estavam na cidade estão lá. Já que estávamos do lado, entramos rapidamente na livraria El Ateneo e não conseguimos andar muito bem por lá. Não deu pra sentir que eu estava na segunda livraria mais bonita do mundo de acordo com o The Guardian” tendo que desviar de pessoas o tempo todo. Voltamos para o apartamento e agora estou olhando os moradores do prédio tomando sol. A piscina azul agora está ficando verde também.

piscina

Saímos de casa apenas para um café e depois de darmos de cara em algumas portas fechadas, acabamos entrando no Padre, um espaço do lado do nosso Airbnb que de fora parece pequeno, mas dentro é enorme e tinha até fila de espera. Queríamos um lugar mais simples, mas acabamos ficando lá e esperamos uns cinco minutos até sermos chamados. O cardápio é bem extenso, tem brunch, almoço e todo tipo de doces e salgados. Pedi um alfajor que estava bonito na vitrine para finalmente experimentar um aqui em Buenos Aires e acabei não gostando muito. Não é um lugar que pretendemos voltar.

O alfajor era de pistache.

Padre


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